
Já lhe chamaram “o senhor vinho” e “o Mourinho dos vinhos”, entre outros nomes simpáticos, na vã tentativa de resumir numa expressão imaginativa o que o produtor e enólogo João Portugal Ramos tem feito pelos vinhos portugueses nas últimas décadas. Mas isso não cabe em palavras, por mais sugestivas que sejam. O talento, a criatividade, a dedicação e o trabalho que desenvolveu desde o princípio da sua atividade como enólogo, em 1980, a plantação dos seus primeiros hectares de vinha, em 1989, a sua primeira vindima, em 1992, a construção da sua adega Vila Santa e o lançamento do seu vinho inaugural, Marquês de Borba Reserva, em 1997, marcam uma época.
E, mais do que a estes eventos, João Portugal Ramos deu um contributo decisivo para o grande desenvolvimento que os vinhos portugueses conheceram nas últimas décadas, projetando-se no mundo de forma nunca antes experimentada. O nome de João Portugal Ramos é um dos maiores, se não o maior, de uma geração de produtores e enólogos que lançaram os vinhos portugueses na rota do sucesso.
O vinho estava no horizonte de quem nasceu numa família de produtores. Feito o curso de Agronomia, iniciou a atividade de enólogo em 1980, no Alentejo, e o sucesso veio logo a seguir com vinhos premiados, reconhecimento público, iniciativas ousadas: em 1988, assumiu a produção e distribuição dos vinhos da Quinta de Foz de Arouce (dos sogros); em 1989, constituiu a Consulvinus, pois já era consultor-enólogo de 25 adegas no país, plantou as suas primeiras vinhas em Estremoz e arrendou outras; em 1990, realizou a sua primeira vindima; em 1997, construiu a adega Vila Santa, em Estremoz, e lançou o já histórico Marquês de Borba Reserva; em 2004, inaugurou a adega Falua, em Almeirim; em 2005 integrou a Quinta de Foz de Arouce no seu grupo; em 2007, criou o projeto Duorum com José Maria Soares Franco (outro grande!); em 2013, construiu outra adega, nos vinhos verdes, e lançou o seu primeiro Alvarinho.
Quase nos cansa esta mera descrição, mas, a ele, parece que nada o detém. Acaba de adquirir a marca “CR&F” e de chamar para a empresa dois elementos da segunda geração da família, os filhos João e Filipa, ambos bem preparados e com provas dadas.
Vila Santa Reserva Branco 2016
Cor citrina brilhante; aroma fino e fresco com notas cítricas e de frutos exóticos com um toque de especiarias; paladar elegante, com muito bom equilíbrio entre a estrutura e a frescura mineral. Manifesta aptidão gastronómica.
Marquês de Borba Reserva 2011
Um clássico que enobrece a mesa. Retinto na cor, concentrado e complexo no aroma com muito boas notas de frutos vermelhos, compotas e especiarias, elegante, cheio e vigoroso no paladar com taninos finos, vivos, presentes, mas bem integrados pelo corpo. Apetece beber, merece guardar.
João Portugal Ramos Alvarinho Espumante Bruto Natural Reserva 2014
Feito exclusivamente de uvas da casta Alvarinho, tem aspeto brilhante, bolha muito fina e persistente, aroma elegante e complexo com delicadas notas florais e frutadas e um vibrante toque mineral, paladar harmonioso, intenso, com um final longo.
Duorum Vintage 2007
Cor vermelha profunda, aroma intenso a frutos pretos com notas balsâmicas, paladar elegante com grande estrutura, boa acidez e taninos firmes de excelente qualidade bem integrados no corpo, perfeito equilíbrio, final longo e persistente, revelando a mestria do enólogo José Maria Soares Franco.
COMER E BEBER - Manuel Gonçalves da Silva
VISÃO | JOÃO PORTUGAL RAMOS: O SENHOR VINHO